Willow - Julia Hoban

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Sem título



É difícil guardar um segredo quando você o leva escrito pelo corpo inteiro.

Sete meses atrás, em uma noite chuvosa de março, os pais de Willow acabaram bebendo muito durante o jantar e pediram a ela que guiasse o carro até em casa. Por uma fatalidade, Willow perdeu o controle do veículo e seus pais morreram no acidente.


Consumida pela culpa, Willow deixa para trás sua casa, amigos e escola e, enquanto tenta retomar a relação de afeto e companheirismo com o irmão mais velho, secretamente bloqueia a dor da perda cortando a si mesma.

Mas quando Willow encontra Guy, um rapaz tão sensível e complexo quanto ela, mudanças intensas começam a acontecer, virando seu mundo de cabeça para baixo. Contado de modo cativante e doce, Willow é um romance inesquecível sobre a luta de uma jovem para lidar com a tragédia familiar e com o medo de se deixar viver uma linda história de amor e cumplicidade



Eu nem tenho certeza por onde devo começar, porque são tantas coisas que me passam pela cabeça a respeito desse livro que é difícil organizar as palavras na minha cabeça, tenho medo que minha resenha não faça justiça ao nível desse livro. E é bem provável não faça, porque Willow é algo único, onde apenas quem leu saberá compreender essa minha confusão emocional.


Dizer que foi uma leitura espetacular seria um eufemismo. Dizer que me despertou a mais profunda das angustias, ainda seria pouco. No começo foi uma leitura hesitante. Livros que tem como temática a Síndrome de Cutting não me atraem. Gosto de protagonistas com uma personalidade profunda e um histórico complicado, mas veja bem, Cutting é demais. Mas depois de ler tantos elogios a essa história, decidi dar uma chance. Li livros a respeito de bullyng, distúrbios alimentas, borderline, drogas e até mesmo com prostituição. Oras, por que não tentar um que tenha a automutilação como base?

Então eu fiz.

E preciso concordar totalmente com a escolha da autora em escrever na terceira pessoa. Se tivesse sido escrito a partir do POV da Willow talvez não tivesse me impressionado tanto. É complicado entrar na cabeça complexa dela, mas Hoban consegue fazer isso com o leitor, te prender totalmente em uma trama grotesca e fazer você entender, aceitar e sentir todo o medo e o desespero da personagem. Odeio admitir isso, mas fui guiada pelo caminho que a autora quis e me simpatizei com cada decisão; eu entendi os motivos que levam as pessoas a procurar uma fuga na dor. Há cenas realmente chocantes, mas o leitor acaba admirando o fato da descrição ser feita com uma honestidade reveladora.



E não é só a caracterização de Willow que é impressionante. É o retrato desanimador do irmão dela, David, e seu senso distorcido de lidar com a situação. É a relação excêntrica e delicada com Guy. Os personagens secundários se destacaram na minha mente, até mesmo aqueles com cenas pequenas, porque tudo parece muito real. Eu conseguia me imaginar caminhando pela biblioteca em que Willow trabalhou ou desfrutar de um passeio pela cidade.

Esse livro não narra apenas uma história triste, narra uma história de vida, de força, de sobrevivência e de superação. É muito mais do que “se cortar”. É um romance que coloca o amor como um poder de redenção e perdão. Sobre nunca desistir. É lindo.



Não me arrependo de ter dado uma chance a essa leitura. Na verdade, fico muito feliz por ter feito isso, porque me ajudou a ver muitas coisas com outra perspectiva e um livro que mexe tanto assim com os seus conceitos e valores merece ser relido.

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